Cura Natural
- Ruth Frade
- 17 de out.
- 5 min de leitura

Acredito que é essencial que aprendamos a apreciar os nossos corpos — eles são como o templo da nossa alma, a energia divina. Assim como cuidamos de templos e igrejas (limpamo-los, somos respeitosos quando estamos neles), devemos fazer o mesmo com o nosso corpo.A forma como tratamos o nosso corpo diz muito sobre como nos sentimos em relação a nós próprios. Se não cuidamos dele — por exemplo, tomando drogas, bebendo álcool ou comendo em excesso — parece que estamos a sabotar-nos. Quando respeitamos o nosso corpo, cuidamos dele como cuidamos de alguém que amamos.
Esta apreciação pelo meu corpo surgiu quando comecei a meditar. Passei a perceber o quão maravilhosos são os nossos corpos — o que fazem a cada segundo, a cada minuto; o facto de existirem tantos sistemas diferentes no nosso organismo, cada um com funções completamente distintas.Como é possível não apreciarmos o nosso corpo? E os outros corpos? O corpo de uma abelha, de uma barata, de um polvo, de um cão, de um elefante... São verdadeiras obras-primas.
Ao tornarmo-nos mais conscientes de nós mesmos — do corpo, das emoções, dos comportamentos — conseguimos compreender o que nos nutre e o que nos desgasta. Quanto mais nos nutrirmos, melhor viveremos. Se optarmos por seguir aquilo que nos drena, sabemos que isso pode manifestar-se numa doença crónica.
Acredito que a cura deve ocorrer em muitos níveis. Não podemos simplesmente começar a fazer exercício e acreditar que todas as doenças desaparecerão. É necessário compreender que o universo dentro de nós é complexo e que a cura vem de muitos níveis — estilo de vida, pensamentos, eliminação de toxinas (no corpo e na mente), disciplina, entre outros.
Por exemplo, em relação aos pensamentos, acredito que é extremamente importante ter pensamentos positivos. Eles ajudam-nos a recuperar de uma doença, dão-nos coragem e fé.
"Deus" é o Criador, o Grande Espírito, o Macrocosmo. Nós somos filhos de "Deus", parte do Todo — o microcosmo. Assim, para termos harmonia na nossa vida, devemos estar em harmonia com "Deus". É a nossa responsabilidade, o nosso dever, criar essa harmonia, porque a natureza já é harmónica — somos nós que tendemos a desviar-nos.
Para que ocorra uma verdadeira cura, a energia da pessoa deve estar baseada nas Leis Universais. Compreender essas leis tem um enorme valor no processo de cura. Pessoas e curadores devem saber de que forma devem proceder. Sem esse entendimento, os curadores apenas poderiam contar com métodos de tentativa e erro.
A lei da ação e reação mostra-nos que, quando algo acontece, há sempre um efeito em cadeia. Toda ação é seguida de uma reação, em todos os exemplos da vida. Assim, em relação à cura, a ação correta pode ser usada para redirecionar o nosso mecanismo de defesa, permitindo que a cura aconteça — produzindo uma reação adequada à regeneração.
A lei da atração e repulsão está presente em todo o lado, até no nosso corpo — e, portanto, também no processo de cura. Quando prestamos verdadeira atenção ao corpo, percebemos que ele tenta atrair o que precisa e repelir o que não necessita.
A primeira lei do movimento de Newton, também chamada de Lei da Inércia (“um corpo em repouso, ou em movimento a velocidade constante, não mudará a menos que seja atuado por uma força externa”), pode ser vista como uma metáfora: o tratamento pode ser o catalisador da mudança.
A lei da periodicidade mostra-nos que o fluxo de energia é mantido e regulado em cada ciclo da vida. Compreender e trabalhar com esses ciclos pode trazer cura.
Um bom exemplo da minha vida sobre não respeitar os ciclos trouxe-me grandes dificuldades. Tive um implante contraceptivo durante nove anos; durante esse tempo não menstruava. Quando o removi, a menstruação não voltava. A minha pele encheu-se de borbulhas, senti-me desconectada do meu lado feminino. Precisei de fazer um tratamento natural para recuperar a menstruação e eliminar os problemas físicos associados à ausência dela durante tanto tempo. Tive um desequilíbrio hormonal prolongado.
A lei da crise está relacionada com períodos de desequilíbrio. No processo de cura, este período pode ser provocado por técnicas específicas de limpeza e regeneração aplicadas ao corpo para eliminar resíduos e toxinas acumuladas.
A lei da vibração significa “uma vibração produzida num corpo pelas vibrações de igual frequência num corpo vizinho”. Levando este conhecimento para a cura, podemos entender que vibrações externas podem afetar a nossa vibração interna. Por exemplo, quando alguém é carinhoso, bondoso e demonstra amor e compaixão, a outra pessoa pode começar a ressoar com essa vibração.
Para mim, a harmonia vem da compreensão e aceitação das leis da natureza, bem como do entendimento dos valores e virtudes do ser humano. Estes valores e virtudes estão relacionados com o macrocosmo, que vibra amor e harmonia.
Ao aprofundar os estudos em diferentes filosofias e culturas, percebi que há tanta informação que, a certo ponto, comecei a sentir-me confusa. Então, dei um passo atrás e foquei-me em compreender o que significa ser um bom ser humano. Isso levou-me aos valores e virtudes humanas — paciência, honestidade, lealdade, compaixão, bondade, amor, paz, pureza, coragem, sabedoria, entre outros. Percebi que, se me focasse nestas virtudes, seria um ser humano digno.
Outro conceito que adotei foi o conceito de criação, equilíbrio e destruição. Tal como na religião hindu, este conceito é representado por três deuses: Brahma, Vishnu e Shiva. Brahma é o criador do universo, Vishnu o preservador e Shiva o destruidor. Estes três aspetos são essenciais para a harmonia do universo — sem criação não há destruição, e vice-versa. Podemos ver isto claramente em nós: sem ingerir alimento, não poderíamos eliminá-lo.
Este equilíbrio, ou harmonia, de que temos vindo a falar, tem também outro aspeto: a harmonia entre os cinco elementos — Terra, Água, Fogo, Ar e Éter. Estes elementos estão em todo o lado: em nós, nos animais e nas plantas. Encontramo-los dentro e fora de nós. Não podemos negar a sua influência. Por isso, o processo de cura procura restaurar a harmonia entre nós e esses elementos.Em muitos métodos naturais de cura, encontramos a presença desses elementos — banhos, argilas, saunas, vapores, infusões, etc. Quando todos os elementos estão equilibrados, a pessoa também se sente equilibrada.
Este respeito por todos os elementos é visível em muitas culturas e religiões: cerimónias com fogo no hinduísmo e xamanismo, rituais com água no budismo e noutras tradições.
Durante um curso/retiro sobre medicina das plantas, falámos sobre responsabilidade na cura. A medicina moderna tende a transferir a responsabilidade para médicos e terapeutas — as pessoas veem-nos como figuras de poder e acreditam em tudo o que dizem. Também colocam a responsabilidade na própria medicina — acreditando que é ela que as vai curar.Na medicina natural, percebi que não é assim: a pessoa tem o poder de se curar. Os médicos, curadores, terapeutas e plantas estão ali apenas para guiar o processo.
A prevenção sempre esteve presente em mim desde que comecei a praticar meditação. O meu professor dizia: “Faz enquanto estás saudável, porque quando estiveres doente, será mais fácil.”Desde então, sigo este princípio com a minha saúde física e mental. Ao fazê-lo, prevenimos doenças e, ao mesmo tempo, cultivamos estratégias positivas para lidar com momentos difíceis.





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